Uma semana de carro pelo Uruguai

Roteiro de uma semana pelo Uruguai para quem gosta viajar de carro, começando pelas províncias do lado do Atlântico do país e depois pelas do lado oeste.
Primeiro dia – São Paulo/Montevidéu/Punta del Este

Sair de São Paulo para Montevidéu, 2h30 de vôo, logo cedo (TAM tem vôo) é bom para aproveitar bem o dia da ida. Novo aeroporto de Carrasco, super moderno, muito bonito; design do arquiteto uruguaio Rafael Viñoly. Design lembra o arquiteto espanhol Calatrava.

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Aeroporto Carrasco – Foto Yeda Saigh

É mais prático sair do Brasil com reserva de carro confirmada, assim na chegada ao aeroporto é tudo rápido. Pegar a auto estrada para Punta del Este, apenas 138 km da capital.

Para se hospedar em Punta, o melhor é escolher o hotel conforme seu perfil. O Fasano Las Piedras, um projeto de Isay Weinfeld, é lindo e tranquilo. Mais de 40 hectares de verde ao longo de 3 km do Riacho Maldonado. Fica em La Barra, perto de La Península e José Ignácio, lado para onde a cidade vem se expandindo.

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Las Piedras – Foto Yeda Saigh

Ter carro é bom para quem quer o melhor de dois mundos: gosta de sair a noite, mas prefere um hotel mais isolado para se hospedar. Para quem gosta de jogar, um ‘cassino hotel’, o Conrad é uma boa opção. Vários restaurantes, horários super flexíveis e o principal: o Cassino. Jantar no restaurante francês do hotel, o St Tropez, vale a experiência. Tudo de muito bom gosto, predominando pratos da cozinha italiana, com uma adega especial. Experimente um bom Tanat tinto uruguaio.

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Restaurante do Hotel Conrad – Foto Yeda Saigh

Por fim um ‘hotel com cassino’, o Mantra. De um lado do terreno o edifício do hotel, a piscina e o jardim no meio; do outro lado, o prédio do cassino, com coffee shop e spa. As suítes são amplas, elegantes, com impecáveis lençóis de linho branco.

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Hotel Mantra – Foto Yeda Saigh
Segundo dia – Punta del Este/Chuí/La Paloma
Sair de Punta rumo a fronteira do Uruguai com o Brasil: o Chuy uruguaio e o Chuí brasileiro, 220 kms. Como em outras cidades de fronteiras secas, apenas a ilha de uma avenida define a fronteira entre os dois países: de um lado, Av. Uruguai e do outro, Av. Brasil.
Depois de visitar o extremo sul do Chuí brasileiro, aproveitar conhecer o duty free local e experimentar uma parrillada.
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Parrillada – Foto Yeda Saigh
Aproveitar para comprar pequenas lembranças da Indonésia (peças em madeira e bijuterias) de bom gosto.
De lá começar a volta para Montevidéu, com uma parada para dormir na cidade de La Paloma, 144 kms. Praia de surf, com uma pousada confortável, de um casal de australianos, o Zen Boutique Hotel, o menos interessante da viagem.
Apesar de pequena, a vila de La Paloma tem no centro um pequeno hotel dos anos 50, chamado Bahia, com um restaurante que prepara um peixe muito bom. Vale experimentar.
Terceiro dia – La Paloma/Punta del Este/Montevidéu
Vale a pena acordar mais cedo e ir tomar o café da manhã no Las Piedras Fasano, apesar de ser a 123 kms, é uma opção tentadora. É delicioso, uma mesa linda, buffet e serviço caprichados, em ambiente de muito bom gosto. Continuar viagem para Montevidéu, 151 kms.
Em Montevidéu aproveitar para conhecer o centro da cidade e a zona do porto. Os pontos mais interessantes para se ver no centro, conhecida como Ciudad Vieja: a Plaza Matriz (também chamada de Constitución); o primeiro arranha céu de Montevidéu, o Palácio Salvo, que já foi o prédio mais alto da América do Sul; a Praça da Independência; o Teatro Sólis; a Puerta da Ciudadela, ou o que restou da muralha que protegia a cidade, demolida em 1829;
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Puerta de la Ciudadela e ao fundo Palácio Salvo – Foto Yeda Saigh
A Igreja Matriz (Catedral Metropolitana, erguida em 1804); o prédio antigo do Cabildo, que hoje abriga o Museu e Arquivo Histórico Municipal. Ver também o Monumento ao General Artigas, herói da independência do Uruguai; um prédio moderno, com fachada de vidro, sede da presidência uruguaia e o Palacio Estévez, que já foi sede do governo.
Depois seguir até o antigo Mercado do Porto, de 1868, onde se pode entrar e escolher uma das várias opções de local para a tradicional parrillada ou um bom churrasco. Vale a pena experimentar outra tradição uruguaia: o ‘medio y medio’, uma mistura de vinho espumante doce e vinho branco seco. Prestar atenção na estrutura metálica antiga do mercado, vinda de Liverpool, muito bonita.
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Mercado del Puerto – Foto Yeda Saigh
Depois de almoçar, conhecer o outro lado da cidade: uma bonita avenida costeira, bastante longa (22kms), com ciclovia e praias de água doce a beira do rio da Prata. Pode-se ver a bonita sede do MERCOSUL, um edifício do início do século XX totalmente restaurado, que foi um dia o Hotel Teatro Cassino do Parque Urbano. No bairro de Carrasco, o antigo hotel Cassino Carrasco, uma bela construção de 1921, agora sendo reformado para abrigar um novo hotel Sofitel.
As melhores opções para se hospedar em Montevidéu são os hotéis Sheraton (em Punta Carretas) e o Radisson (no centro histórico, Plaza Independencia).
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Rio da Prata – Vista do Hotel Sheraton – Foto Yeda Saigh 
No Sheraton, além de uma bela vista do Rio da Prata, há uma passagem direta para o shopping Punta Carretas e a proximidade do calçadão para quem quiser caminhar. Jantar no restaurante do hotel é uma boa opção.
Se você estiver em Montevidéu e quiser visitar Buenos Aires, pode atravessar de ferry. A viagem leva três horas e é feita pela empresa Buquebus, com várias saídas diárias. Essa travessia é feita em uma hora entre Buenos Aires e Colônia del Sacramento, onde há um porto ultra moderno. As poltronas na primeira classe são super confortáveis para a viagem e há um bom free shop a bordo. Não deixe de ir à lanchonete experimentar os famosos sanduíches argentinos de pão de miga.
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Buquebus – Foto Yeda Saigh
Quarto dia – Montevidéu/Paysandú

Depois do café, começar a parte do roteiro que vai levar às províncias do oeste do Uruguai, indo primeiro de Montevidéu para Paysandú, 375 kms. Parar para almoçar em Trinidad. Na praça principal há um restaurante, o Don Quixote, onde se pode pedir um ‘lomo’ com acompanhamento e um delicioso doce de leite.

Sendo uma região de fazendas, escolher uma ‘estância’ para se hospedar é muito interessante. A Hosteria Estância La Paz é uma propriedade muito antiga, de uma família belga, os Wyaux. Além de criarem gado e carneiros, eles têm a pousada com 10 suites. Anne, a segunda geração de belgas na fazenda, é quem administra a pousada. Os jardins são bonitos, com muitas lavandas e um belo pomar. Pode-se passear a cavalo, aproveitar a sauna e a piscina. Jantar delicioso e bem servido, acompanhado de um bom vinho uruguaio e tortas doces divinas. Há ainda uma capela do tempo dos ingleses, com bonitos vitrais, cujo campanário serviu de posto de observação no tempo da guerra contra o Brasil Império, sob o comando do Almirante Tamandaré.

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Estancia de La Paz – Foto Yeda Saigh
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Estancia de La Paz – Foto Yeda Saigh
Quinto dia – Paysandú/Salto

Na manhã seguinte sair para Salto, 120 kms. Ao longo da estrada em excelente estado de conservação, campos totalmente cultivados e fazendas de gado. Os acostamentos quando não tem flores, como lavandas, são muito bem roçados.

As duas melhores opções de hotel para passar a noite e seguir viagem no dia seguinte são o Horacio Quiroga e o Arapey Thermal. Os dois tem spa, piscinas e imensos gramados, com pistas para caminhadas. Aproveitar para relaxar um pouco depois de tantos quilômetros viajados. O jantar é no hotel porque não há nada por perto.

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Arapey – Foto Yeda Saigh
Sexto dia – Salto/Carmelo

Depois do café, sair para Carmelo na província de Colônia, 340 kms. O Hotel Four Seasons Carmelo é a melhor escolha. Tudo lindo! Em frente à entrada do hotel e ao campo de golfe a estrada é toda arborizada dos dois lados. Um bosque maravilhoso de pinheiros e eucaliptos leva ao corpo central do Four Seasons, passando pelo spa, super charmoso. Os bangalows muito bem decorados, todos em madeira e vidro, chão de cimento queimado, com varandas e de frente para o rio da Prata. É um lugar muito romântico para se hospedar e aproveitar.

Passear pela margem do Rio da Prata, tomar um drink no bangalow e ir jantar no restaurante do hotel, todo em estilo balinês: é um momento de puro prazer. A comida e ambiente são ótimos, acompanhados de mais um bom vinho uruguaio, ao lado da piscina e do jardim. O Four Seasons oferece transporte para as diversas opções de atividades, todas próximas do hotel tais como: visitar uma vinícula, o centro equestre, a marina e o campo de golfe. A maioria dos hóspedes é de argentinos e de brasileiros. Há também um aeroporto internacional para aqueles que preferirem ir de avião.

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Four Seasons – Carmelo – Foto Yeda Saigh
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Four Seasons – Carmelo – Foto Yeda Saigh 
Sétimo dia – Carmelo/Colônia del Sacramento
Depois de um café maravilhoso no hotel, seguir para Colônia del Sacramento, cidade histórica, 77 kms.
De origem portuguesa e fundada em 1680, alternou domínio português e espanhol por longos períodos. As construções antigas do centro histórico revelam as influências arquitetônicas dos dois colonizadores. Hoje, Patrimônio Mundial pela UNESCO, o centro histórico de Colônia del Sacramento resume-se a pouco mais de duas dúzias de ruas com calçamento de pedras irregulares, uma praça com um belo jardim, o casario antigo ao redor, um farol e alguns pequenos museus.
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Colônia del Sacramento – Foto Yeda Saigh

Se o dia estiver claro pode-se ver a linha de edifícios de Buenos Aires do alto do farol. Opção interessante é hospedar-se à beira do rio da Prata, pois a vista em diferentes horas do dia pode ser incrível, principalmente a do por do sol e a do amanhecer.

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Por do Sol Rio da Prata– Foto Yeda Saigh
Fascinante mesmo. O Radisonn Hotel e Casino, no centro,com suítes de frente para o estuário do Prata, uma vista privilegiada. Saindo do centro, 5 kms a oeste, já no final da rambla costeira, há o Sheraton Colônia Golf Camp SPA Resort, também com lindas vistas do rio e toda infra estrutura de um resort. Depois de percorrer essa cidade tão única é hora de decidir-se por um churrasco ou um bom peixe.
Oitavo dia – Colônia del Sacramento/Aeroporto Carrasco Montevidéu
Sair depois do café para o Aeroporto de Carrasco, 101 kms, em Montevidéu. No aeroporto devolver o carro e fazer o check in para embarque logo depois do almoço para São Paulo. O bar é novo e moderno como o aeroporto e tem boas escolhas de sanduíches. Ao lado há um duty free para aproveitar mais um pouco as compras irresistíveis.
Curiosidades:

As estradas do Uruguai, apesar de não serem tão novas, são muito bem mantidas, limpas, bem sinalizadas, acostamentos impecáveis. Não vimos nenhum buraco em 2000 kms!!! Mas… assim que entramos no Chuí brasileiro, estradas sujas, cheias de mato alto no acostamento, mal sinalizadas e cheias de buracos.

Não só nas estradas se observa esse cuidado, a limpeza pública também chama a atenção.

O povo uruguaio é muito bem educado e tem bom nível de escolaridade; nos disseram que nas escolas cada criança tem um computador próprio.

Nas últimas décadas a economia do país melhorou muito,ela gira em torno do turismo, gado e seus derivados, lã, vinículas e grãos em sua maioria. Indústrias ainda são pouquíssimas.
Os homens se cumprimentam com um beijo no rosto.
Para terminar uma frase do escritor uruguaio Eduardo Galeano:
A memória guardará o que valer a pena. A memória sabe de mim mais que eu; e ela não perde o que merece ser salvo.

Virginia Figliolini Schreuders

9 comentários em “Uma semana de carro pelo Uruguai

  1. Oi Yeda, foi uma viagem gostosa. Eu também acho os Uruguaios muito educados. A Virgínia é a Virgínia que ia no grupo da Ana? Um abraço para você e para a Virgínia, mesmo que eu não a conheça. Bjs, Solange

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  2. Yeda, me apaixonei pelo seu relato e fiquei com mais vontade ainda de ir para o Uruguai, de onde tenho descendência por parte da minha avó e, pretendo levar minha mãe e meu pai para um passeio parecido com o seu. Qual locadora vocês utilizaram? Foi daquelas que tem no aeroporto mesmo? Com certeza, tua página está em meus favoritos. Obrigado!

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  3. RValle

    Muito bom saber que gostou do diário de viagem sobre o Uruguai!
    Sou Virginia, que assina o texto e colaboradora da Yeda Saigh no Diário de Viagem.
    Éramos dois casais: meu marido e eu e, por coincidência, meus pais que já tem bastante idade. Para os quatro, que não íamos ao Uruguai há um bom tempo, foi uma semana de muitas delícias.
    Vale consultar o preço em mais de um locadora pela internet para escolher uma boa oferta com antecedência. A que usamos foi a brasileira Localiza.
    Um abraço,
    Virginia

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  4. Yeda, agora recem moradora daqui, em Punta del Este, vim ler seu relato, pois ainda tenho que fazer meus roteiros turisticos. Adoro seu blog. Vai me auxiliar nas minhas viagens aos finais de semana daqui.
    Um beijo,
    Ana carolina

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  5. Prezada Yeda, adorei suas dicas, muito bom mesmo.
    Estive em Punta e Montevideu e fiquei muito contento.
    Gostaria de recomendar o restaurante El Fogon e o restaurante El Viejo y el Mar (peixe, salmon), em Punta recomento o restaurante Lincanto !!!, também a organização das reservas de hotel, carro, Bouza, passeios, todo, da http://www.indooruruguay.com , são uruguaios mas falam portugués. Obrigada pelas dicas e vou acompanhar sempre. Marcio

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