Depois que o Woody Allen nos deu o direito de voltar no tempo com seu filme Meia Noite em Paris, nós também podemos voltar a meados dos anos 80, quando aqui chegamos com nossos dois filhos de 7 e 9 anos de idade para passar uma estadia de 2 anos. Foi um susto e um prazer, que até hoje tenho vivos na memória. Em menos de 2 meses as crianças estavam adaptadas e nós deslumbrados com as descobertas. Um mundo de cultura desafiante desde a gastronomia até entender o humor local.
A primeira providência foi entrar numa aula intensiva de Francês porque nosso curso da Aliança Francesa não nos dava o bastante para conversar nas rodas sociais e acadêmicas nas quais caímos sem socorro!! Não havia tantos brasileiros como agora, e o jeito era fazer amizades com os franceses. Deu super certo e até hoje guardamos alguns preciosos amigos.
Por falar em volta no tempo, recomendo o livro que acabou de sair em dezembro de 2011: ”E foram todos para Paris – um guia de viagem nas pegadas de Hemingway, Fitzgerald e Cia” do jornalista Sergio Augusto, que escreve regularmente no Estadão, publicado pela Casa da Palavra. É uma delícia, ele faz uma leitura brilhante desta época e nos leva a sonhar um pouco como foram aqueles tempos.

Então, você pode tomar café da manhã em casa, saindo antes para comprar baguette, croissant e o Le Monde, trazendo debaixo do braço e brincando de ser parisiense. Para ter mais prazer ainda no café da manhã, experimente o iogurte grego de cabra com uma colher de mel de lavanda, uma delícia. Desta vez, nosso apartamento fica perto da rue des Martyrs, uma rua de comércio de alimentação incrível e frequentada apenas por parisienses. Tem de tudo, magret de canard com quase meio quilo, noix de Saint Jacques maravilhosos. E os queijos, nem se fala, tem pelo menos duas ou três lojas especializadas com dezenas de tipos diferentes e deliciosos. O Brillard Savarin é um escândalo, pois tem quase 100% de matière grasse. Geralmente os apartamentos de aluguel têm cozinhas razoáveis com os utensílios essenciais e dá para se divertir, vivendo um dia de chef.

Por incrível que pareça, não conhecíamos La Défense. Esta praça é ultra moderna construída há pouco tempo, seu Arco tem uns 100 metros de altura e fica na perspectiva de Arco do Triunfo. É genial se plantar bem no meio da praça e olhar em frente que você vai ver o Arco do Triunfo lá no fundo. Trata-se de um grande centro comercial moderno com todas as lojas grandes e conhecidas. Fomos parar lá por conta de um convite para jantar na casa de um jovem professor que mora em Puteaux, ali pertinho. Foi uma excursão de RER, que nos levou em 3 minutos de Charles de Gaulle – Étoile até lá. O sistema francês de transporte, não tem igual.


A primeira exposição que vimos foi no Museu Carnavalet, aliás, pouco conhecido dos brasileiros. O prédio foi construído em 1578. Em 1866, a prefeitura de Paris comprou para transformar em museu. Esse museu tem jardins impressionantes e conta a história da cidade de Paris desde o século XV. A exposição chama-se: “Le peuple de Paris au XIX siècle – des guinguettes aux barricades” que fica em cartaz até 26 de fevereiro. Os franceses adoram as histórias do passado, o museu estava apinhado de gente, principalmente estudantes e grupos com guias. Uma informação que me chamou atenção. Em 1880, de cada 100 crianças que nasciam, 40 morriam antes de completar um mês de vida. Daí, a prefeitura começou uma campanha organizando as nourrices – amas de leite- e, em pouco tempo, a taxa já caia pela metade. Em 1909, as trabalhadoras de Paris já tinham o direito à licença maternidade de 8 semanas.

Outra exposição vista foi a do Museu de Artes Decorativas (Les Arts Décoratifs). Este museu fica colado ao Louvre na rue de Rivoli. O prédio é incrível, salas com pé direito altíssimo e muito bem recomendado por quem aprecia design. Vimos a exposição do Jean Paul Goude, um verdadeiro multiartista que trabalha com desenhos, fotografia de moda e publicidade e realização de eventos. O cara é um dos maiores mestres de criação visual da atualidade. Ele ficou muito conhecido por ter sido convidado pelo Mitterrand em 1989 para fazer o desfile de comemoração dos 200 anos da revolução francesa. Quem viu ao vivo conta que foi um espetáculo, mas nós que vimos agora pelos vídeos e pelas fotos na exposição confirmamos: esse artista é demais. Trabalha no eixo Paris – Nova Iorque, há mais de dez anos faz as fotos de publicidade da Galeries Lafayette. A exposição fica até meados de março.


é o racismo, e o mal que causa às sociedades. A diversidade étnica é um ganho e poder apreciá-la é um privilégio.

Duas outras exposições bem mais alegres são as que estão no Hotel de Ville. A do clássico fotógrafo Doisneau com o tema do Les Halles e a do Sempé com desenhos ilustrativos da cidade de Paris, ambas com entradas gratuitas.
Se você está em Saint Germain e quer ir para a região de Opéra ou Galeries Lafayette experimente pegar o ônibus 95, (ponto fica em frente à igreja de Saint Germain) e pode descer no ponto Opéra, bem pertinho do teatro. Recomendo este trajeto porque é lindo atravessar o Sena, passar defronte à pirâmide do Louvre à sua direita, olhar à esquerda o Jardin de Tuileries, e subir pela majestosa Avenue de L’Opéra.

Uma das vantagens de viajar por mais de 15 dias numa mesma cidade é que você tem tempo. Então, nada melhor do que assistir um pouco de televisão. Na França, há um público interessado em temas variados e eles têm tradição nos documentários. Tem um Canal chamado Arte onde vimos alguns documentários interessantíssimos.

Se você quiser ter uma verdadeira experiência gastronômica, reserve uma mesa no Spring. Fica no 6 rue Bailleul, ruazinha pequena perto do cruzamento da rue de Rivoli com a rue du Louvre. Para jantar, é necessário umas 3 semanas de antecedência, mas para almoço é mais fácil. O chef é um americano de Chicago, que fez todas sua formação na França e propõe um menu degustação. Não há cardápio no restaurante. Antes da reserva, eles perguntam se você tem alergia, se é vegetariano, ou se tem algo que não suporta (contact@springparis.fr). E assim, tudo é uma surpresa!! A delicadeza e visual dos pratos são incríveis. Por mais que eu me sinta ligada em gastronomia, por minha conta e risco, eu prefiro os restaurantes em que você escolhe o que vai comer, mas fomos convidados por amigos franceses que são ligados no assunto, conhecem tudo da cidade, e adoram descobrir coisas diferentes. Foi uma experiência feliz, as sobremesas também são encantadoras.


Há muitas alternativas para quem quer gastar pouco e comer relativamente bem. Fica bem perto da Galeries Lafayette uma pizzaria chamada Tivoli, na rua La Fayette. Está ali há mais de 20 anos, a pizza é excelente e é servida o dia inteiro. Para almoço, é uma boa dica, a salada toscana é deliciosa, tem também massas e uma boa variedade de sobremesas.
Apesar da quantidade de turistas, ônibus repletos de japoneses com guia hasteando bandeirinha, chineses, russos e brasileiros especialmente nas grandes lojas e em Saint Germain e Champs Elysées, Paris continua um espetáculo. O jeito é frequentar outros cantos. O Marais ainda se salva dos turistas em grandes grupos. O 11º está bem bacana e Belleville também. Vale a pena arriscar passeios a pé por estes e outros bairros fora do circuito convencional, mesmo que tenha que suportar temperaturas abaixo de zero como as deste inverno.

Cara Yeda,
leio sempre com prazer suas crônicas de viagem. Parabéns.
Um abraço a você e ao Raul,
Mario
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Oi, Yeda
Cheguei hoje e vi a postagem. Ficaram ótimas as fotos.
Bjs
ana
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Ötimas dicas, principalmente vendo uma Paris ensolarada no inverno.
Bjs,
Vera
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Adorei a viagem por Paris, dicas deliciosas…Até a próxima. Abraços, parabéns pelo bom gosto. Laura
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Muito legal seu blog, ótimas dicas.
Estamos nos preparando da visitar Paris em janeiro de 2012, meu irmão vai me emprestar o carro e partiremos de Viena. Gostaria de uma dica de algum bairro tranquilo e perto (periferia) de Paris pois apartamento com estacionamento no centro de Paris é meio impossível.
Desde já agradeço, abraço!!
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