Porque fomos parar no Uzbequistão?
O movimento de independência dos países europeus da chamada cortina de ferro, que incluía a Tchecoslováquia, Hungria e Polônia, foi muito forte e desencadeou também um movimento dessas repúblicas da Ásia Central.
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Registan Square em Samarkand Foto Yeda Saigh |
Com uma população de 27.4 milhões, uma área de 447.400 Km2, é um país com desníveis enormes de temperatura: -35c° no inverno à 52c° no verão. Por isso é muito importante escolher a época de viajar para lá, os melhores meses são Maio e Setembro, Fomos em Maio e pegamos uma temperatura amena entre doze e vinte e quatro graus.
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Registan Square Tashkent Foto Yeda Saigh |
O território conhecido hoje por Uzbequistão fazia parte da Rota da Seda, a maior rede comercial do Mundo Antigo. Foi dominado por vários povos durante séculos: pelos Persas (século IV.a.C.), até hoje parte da cultura persa é preservada no país; por Alexandre o Grande da Macedônia, que casou-se com a princesa Roxane, filha do rei dos Sogdianos, Oxyartes. Grande dançarina, ela o enfeitiçou numa apresentação assim que se conheceram; por Genghis Khan, o grande herói mongol, em 1.219.
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Monumento Amir Timur em Samarkand Foto Yeda Saigh |
Em 1991 o Uzbequistão declarou a sua independência, é uma República, e desde então tem um único presidente Islom Karimov, mas com limitações na democratização e na violação dos direitos humanos. As tensões étnicas levaram perto de dois milhões de russos a abandonar o país e irem para a Rússia. Os uzbeques de etnia russa não têm qualquer estatuto legal na Rússia nem em qualquer outro país e encontram-se portanto espalhados pelo mundo, particularmente na Europa e E.U.A.
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Praça da Independência -Tashkent Foto Yeda Saigh |
Sua economia é basicamente agrícola e é considerado o segundo maior produtor de algodão do mundo.
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Plantação de Algodão |
A melhor maneira de ir para o Uzbequistão saindo do Brasil é ir pela Europa: nós fomos por Paris e eu aconselho a dormir uma noite lá, porque duas noites de vôo com oito horas de fuso horário é muito cansativo. De Paris para Tashkent, capital do Uzbequistão, são 6h35 de vôo. Na chegada em Tashkent o visto demorou bastante. Porém a agradável sensação de estar num aeroporto grande e limpíssimo nos ajudou muito: o chão brilha em todo lugar!! Essa impressão continuou por toda a viagem.
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Aeroporto de Tashkent Foto Yeda Saigh |
Tashkent é a moderna capital do Uzbequistão com 2000 anos de história. Resta pouco da cidade antiga por causa dos terremotos e das reconstruções soviéticas. Tornou-se uma cidade muçulmana no VIII século a.C. e um importante centro comercial na Idade Média. A cidade antiga era um dos centros da Rota da Seda. Em 1220 a cidade tornou-se parte do império de Genghis Khan e mais tarde em 1865 parte do império russo. Em 2007 foi nomeada a capital do mundo islâmico pelo número de mesquitas e estabelecimentos religiosos que a cidade abriga.
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Hotel Miran International Foto Yeda Saigh |
Visitar em Tashkent:
Memorial do terremoto, foi feito para as milhares de pessoas que morreram nos grandes terremotos da década de 1960.
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Monumento ao Terremoto Foto Yeda Saigh |
Praça Amir Timur, muito bonita, cheia de árvores com a estátua ‘Timur em seu cavalo’.
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Monumento de Amir Timur Foto Yeda Saigh |
Madrassah Barak-Khan, um seminário islâmico do século XVI que abriga o Sunni Mufti da Ásia Central. Ver o Corão (livro sagrado dos muçulmanos) do século VII, um dos dois mais velhos do mundo.
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Madrassah Barrak-kan Foto Yeda Saigh |
Applied Art Museum, é um must para quem visita a cidade. Tem muita informação histórica e do artesanato do país desde1927. Existe um bordado muito famoso e muito bonito uzbeque que se chama suzani,(bordado de seda), sedas lindíssimas e cerâmicas típicas. As compras são de enlouquecer, principalmente as almofadas e as echarpes!!
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Vitória, nossa guia, com um vestido de bordado suzani Foto Yeda Saigh |
Independent Park, um grande parque onde tem uma estátua super famosa da Mother Mourning, com uma chama sempre acesa. Nos chamou muito a atenção os livros enormes de ferro abertos onde estão escritos todos os nomes dos soldados que morreram na segunda guerra Mundial, é muito bonito!
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Independent Park Monument – ‘Mother in Mourning’ Foto Yeda Saigh |
Assistimos a uma aula de Caligrafia bem interessante: percebemos como é difícil escrever nesses idiomas e a diversidade que existe!!
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Aula de Caligrafia Foto Yeda Saigh |
Jantar no Restaurante Sato, do Grupo Caravana, o melhor do Uzbequistão: parece um palácio de fadas oriental tradicional, estilo uzbeque: foram construídos para acomodar as caravanas que atravessavam o deserto nos séculos passados. Um jantar para três pessoas, nos contou a guia, custa US 800,00.
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Restaurante Sato |
Almoçar no Restaurante Sim Sim, muito bom, dois andares com tetos altos e bem decorado ao estilo Uzbeque. Comer sopa, kebabs, baklava e chá.
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Restaurante Sim Sim Foto Yeda Saigh |
Pegamos o avião para Khiva, 1h40 de vôo, nós achamos a cia aérea Uzbekistan muito boa, apesar de ter saído essa semana na Folha de São Paulo uma pesquisa sobre companhias aéreas e a Uzbequiatão air line ficou em quarto lugar entre as piores.
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Vista do avião no vôo de Tashkent para Khiva Foto Yeda Saigh |
Hotel Asia Khiva razoável. Porém não deixe de visitar dentro da cidadela o Hotel Orient Star Khiva, construído no século XIX em 1853: fica numa antiga Madrassa de Moukhammed Amin Khan. Era a maior Madrassah da cidade onde 250 estudantes moravam e estudavam até o começo do século XX. Recomendo ficar nesse hotel, é melhor e mais bem localizado.
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Hotel Orient Star Khiva Foto Yeda Saigh |
A cidade de Khiva é um museu a céu aberto no meio do deserto. É a única cidade de toda Ásia Central que sobreviveu inteira dos tempos antigos e a mais intacta de todas as cidades antigas do Uzbequistão. Construída dentro de magníficas muralhas com portões de entrada, Ichan – Kala (nome da cidade murada), tem mais de 250 construções do século XVI ao XIX. Esse complexo único inclui palácios, casas e edifícios públicos junto com minaretes e madrassas.
Explorar a cidadela passeando pelas charmosas ruas: a quantidade absurda de grandes obras de arte da arquitetura islâmica fazem de Khiva um lugar delicioso para se passear a qualquer hora do dia.
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Entrada da Cidadela de Khiva Foto Yeda Saigh |
Visitar em Khiva:
Complexo Arquitetônico de Ichan-Kala, as incríveis obras islâmicas dos séculos XII ao XIX incluem: Residência do último Khan, Mausoléu Ismail Khodja, Madrassah Amin Mohammed Khan, Palácio Tash-Hovli, Mausoléu de Pahlavon Mahmud do século XVII, lindíssimo, é um lugar muito especial, Polvon-Darvoza, um corredor onde ficavam as celas dos prisioneiros à espera de serem vendidos como escravos.
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Mausoléu em Khiva Foto Yeda Saigh |
Djuma Mosque do século X, com 213 colunas ornamentadas de madeira, uma das principais atrações de Khiva. É um oásis de paz bem no centro da cidadela com uma iluminação suave que convida a relaxar.
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Djuma Mosque Foto Yeda Saigh |
Minarete Kalta Minor é maravilhoso: o khan, que ordenou sua construção queria que ele fosse tão alto que ele pudesse enxergar Bukhara, a 500 quilômetros de distância (ou quase três semanas de jornada em camelos). Segundo a lenda, somente quando a torre já estava com boa parte erguida é que ele percebeu que dali poderiam ver seu harém, dentro de Kuhna Ark. E ordenou que a obra parasse.
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Minarete Kalta Minor em Khiva Foto Yeda Saigh |
Em todos os monumentos, mesquitas, madrassas e museus sempre tem lojinhas com coisas lindas para vender, difícil de resistir as compras uzbeques!!
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Loja em Khiva Foto Yeda Saigh |
Samarkand cujo nome significa “Cidade de Pedra” é famosa por sua localização estratégica da “Rota da Seda” entre a China e a Europa e por ser um centro de estudos islâmicos muito importante. A mais antiga cidade da Ásia central foi fundada em 700 a.C. pelos persas. Sogdiana, província do antigo império persa em 525 a.C., cuja capital era Marakanda, hoje Samarkanda, foi conquistada por Alexandre o Grande em 329 a.C., e tornou-se um famoso centro da cultura persa. Em 1221 foi destruída por Genghis Khan, em 1370 foi capital do império de Timur, depois foi conquistada por chineses da dinastia Tan. Em 1868 passou a ser do Turquistão e em 1920 parte da União Soviética.
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Trem para Samarkand Foto Yeda Saigh |
Hotel Samarkand Plaza bem simpático, mas nada de excepcional.
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Hotel Samarkand Plaza Foto Yeda Saigh |
Visitar em Samarkand:
Observatório de Ulug Bek, o neto de Tamerlane, um dos maiores astrônomos de seu tempo. Ulugubek, que sucedeu Tamerlão no controle do vasto império, pagou com a vida seu amor pelas ciências. Em 1420, ele abriu em Samarkand a primeira “universidade” da região, na madrassa que levou seu nome, no Registan. Mandou construir também um gigantesco astrolábio, do qual mapeou 200 estrelas. Também fez cálculos precisos sobre a duração do ano, e hoje é reconhecido mais pelo seu legado como astrônomo do que como o principal herdeiro do seu temido avô. Morreu assassinado pelo próprio filho Abdul Latif, em 1449. O observatório foi abandonado e apenas em 1908 o que sobrou, encontrado por arqueólogos foi uma das peças do astrolábio, curva e inacreditavelmente imensa (uns 30 metros), é exibida na colina do observatório, ao lado de uma estátua do astrônomo.
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Observatório de Ulug Bek Foto Yeda Saigh |
O conjunto é formado por 3 grupos de estruturas: baixo, médio e alto que são conectados por quatro arcos chamados “chartak”. Depois de seu portal, cada mausoléu apresenta uma câmara com um pequeno domo. No chão, a caixa de pedra retangular, deitada, abrigando os restos mortais do seu habitante. A escolha deste lugar para abrigar os mausoléus tem um bom motivo: trata-se, certamente, da área mais sagrada para os muçulmanos de Samarkand.
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Shakhi-i-Zinda Foto Yeda Saigh |
Tumba do Profeta Daniel, da Bíblia, do Talmude e do Corão. Daniel teve seus restos trazidos para Samarkand por Tamerlão. Existe uma lenda que diz que o corpo de Daniel continua crescendo, mesmo depois de ele ter morrido. Por isso, seu caixão tem 18 metros de comprimento.
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Túmulo do Profeta Daniel Foto Yeda Saigh |
Feira livre de alimentos, é um presente para os olhos pelo colorido e diversidade. Não deixe de experimentar as especiarias: damascos, uvas passas, pistaches, amêndoas de vário tipos, é tudo divino!
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Feira de Especiarias em Samarkand Foto Yeda Saigh |
A estrada é incrível, no meio do deserto. No caminho paramos em Raban Malick Caravan Serail Fromanger do século XI, antiga estalagem no meio da estrada onde as carruagens paravam, as pessoas descasavam e trocavam os cavalos. Há também um famoso reservatório de água antigo, Sardobar. Almoçamosum lanche no carro que a guia levou.
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Caravan Serail Foto Yeda Saigh |
Nem sentimos o tempo passar porque Vitória, nossa guia, ficou o tempo todo nos contando histórias interessantes sobre o Uzbequistão. Paramos numa fábrica de cerâmica em Gijduvan, muito interessante e com peças lindas.
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Fábrica de Cerâmica |
Visitar em Bukhara:
Kalyan Minarete é a única das estruturas do complexo Arslan-han, que sobrou da destruição de Gengis Khan. É um dos melhores monumentos arquitetônicos da escola de Bukharado século XVI, também conhecida como Torre da Morte porque durante séculos criminosos eram arremessados lá de cima.
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Mir-i-Arab Madrassah |
Mesquita Bolo-Hauz é o único monumento que sobreviveu na Registan Square e inclui na mesquita, um minarete e uma piscina. A piscina é a parte mais antiga do conjunto e é um dos poucos remanescentes da antiga cidade. Esta piscina é uma honra a mesquita chamado Bolo-Hauz.
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Mesquita Bolo-Hauz Foto Yeda Saigh |
Fazer compras nas Domes do Comércio, antigamente eram cinco Domes, Genghis Khan destruiu duas, as outras três tem lojas dentro, uma só de jóias, outro de tecidos e outro de trocar dinheiro só de judeus. É muito divertido andar pelas domes, você vai de uma para a outra tudo a pé e faz compras ótimas!!
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Domes em Bukhara Foto Yeda Saigh |
Complexo Nadir-Divan – a história desse conjunto está intimamente conectada com o Emir de Bukhara. Não deixe de apreciar uma árvore antiquíssima, com o tronco todo retorcido, na praça em frente da maior piscina de Bukhara.
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Árvore na praça de Bukhara Foto Yeda Saigh |
Palácio Sitorai-Mohi-Hosa, residência de verão de Amir Timur no país. Ele enviou mestres de obra à St. Petersburgo e Yalta para estudarem arquitetura russa. Usando esses conhecimentos os arquitetos construíram esse esplêndido edifício usando a arquitetura local de Bukhara em conjunta com a da Rússia. Um salão com o trono real para recepções que se tornou a pérola do palácio. Fizeram uma grande entrada de arco, quintal com galerias, o edifício principal num estilo europeu e casas para o harém de Amir Timur no jardim. Este palácio representa uma mescla fantástica da arquitetura russa, oriental e européia do mundo.
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Palácio Sitorai Mohi Hos |
Mausoléu de Samanide, pérola da arquitetura da Ásia Central, onde está o túmulo dos governadores da dinastia de Bukhara.
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Registan Square Foto Yeda Saigh |
O Uzbequistão, sendo o grande centro da rota da seda, foi de longe o país com as cidades mais interessantes, com a arquitetura mais impressionante e cultura local mais rica da Ásia Central.
Com certeza o fato de ter sido menos russificado que ambos, Cazaquistão e Quirguistão, colaborou para o país ser mais autêntico e preservado. Por mais semelhantes que fossem Samarkand, Bukhara e Khiva, as três cidades históricas da rota da seda tinham um clima distinto e muitas singularidades.
Samarkand impressiona pela arquitetura imponente de suas construções, Bukhara pela vida pacata de seus moradores em meio ao que restou dos tempos passados e Khiva por ter sido tão bem preservada e de certa forma parada no tempo.
Tashkent, sua capital, é um quadro perfeito do que se espera de uma ex-repúlbica soviética que ainda sofre de uma influência mesmo que indireta por parte da Rússia e que se mantém sob o comando de um ditador há mais de duas décadas. Por tudo isto, o Uzbequistão vale a pena ser visitado.
O vídeo em seguida produzido por Sardor Varisov mostra um pouco mais das belas cidades, natureza e a cultura nacional do Uzbequistão.
Para terminar alguns pensamentos do grande escritor russo Leon Tolstói
A liberdade não é um fim, mas uma conseqüência”.
Hotéis:
– Miran International Hotel em Tashkent
Colaboradores: Cristina Gabriel e Pedro Henrique A. Pereira
Queida Yeda,
As suas reportagens são sempre interesante mas esta é extraordinaria!
Um abraço,
Lolo e Mario
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Yeda ,
Adorei, pois não conheço e gostaria muito de ir.
Bjs e obrigada por dividir conosco.
Bjs
Maria Angela
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Obrigada, Yeda!
Abração
Ana
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Adorei essa viagem!
Bjs
Eleonora
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Com Certeza foi inesquecível!
Miriam
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Obrigada Lolo e Mario
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Foi bárbaro, fico contente que gostou. Bjos
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Abraços Ana
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É rico em história e inesquecível. Fico feliz que gostou! Bjos
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Que bom Eleonora. Bjos
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Querida, que incrivel!!! Adorei, qta informacao… Mais uma vez parabens, você sempre se superando.
Beijos
Angélica
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Oi Yeda, foi uma surpresa deveras agradável encontrar seu blog! Também sou psicanalista e vivo em Cuiabá, Mato Gosso. Estou preparando minha viagem para o Turcomequistão, Uzbequistão e Tajiquistão para abril e maio desse ano. Adorei seu relato e suas fotos que me serão de grande utilidade. Obrigada e que sigas viajando sempre. Um abraço, Berenice M. Zaffari
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