Continuando nossa viagem pelo Oriente, essa semana vamos visitar um lugar muito especial: Israel, que declarou sua independência há apenas 64 anos, em 14 maio de 1948, apesar dos muitos séculos de história. Conhecer Israel é uma experiência marcante, é um país onde o visitante entra em contato direto com as três maiores religiões do mundo na Esplanada dos Templos: a Judaica, a Muçulmana e a Cristã.
Chegamos em Israel de carro pela Jordânia, estrada linda ao lado do Mar Morto, cheia de plantações, mais ou menos duas horas até a fronteira. Saímos de mil metros de altitude para menos de 400 metros, que é a altitude do Mar Morto. Existe um projeto de unir o Mar Morto ao Mar Vermelho, mas inundaria grande parte da Jordânia. A princípio tivemos que parar duas vezes para checar os passaportes.
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Mar Morto – Foto Yeda Saigh |
Nos mostraram com muita ênfase uma cidade criada e doada aos beduínos pelo Estado, com todo conforto, água, luz, carro, que o governo faz questão seja vista pelos turistas. Paramos então para a 3ª fiscalização de documentos.
No vale de Arabat começam a aparecer as dunas. Chegamos em Israel pela ponte rei Hussein para os jordanianos, ou Allenby Bridge para os israelenses. Ainda na Jordâniapassamos pelo desfiladeiro Wadi Mujeyeb, conhecido como Arnon, que entra no Mar Morto a 410 metros abaixo do nível do mar e pelo Monte Nebo onde Moisés foi enterrado. Quarta e última fiscalização de passaportes, nosso motorista ficou bravo.
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Atravessando a Fronteira – Foto Yeda Saigh |
Atravessando a fronteira, demos adeus ao nosso guia jordaniano e seguimos a pé sozinhas para pegar um ônibus e atravessar para Israel. Parece terra de ninguém: os jordanianos não podem cruzar a fronteira e todos os turistas tem que atravessar por conta própria.
Khalil, nosso guia em Israel demorou meia hora para chegar e ficamos sem saber o que fazer já em Israel; a hora que ele chegou foi um alívio!! Khalil, árabe libanês cristão, foi um ótimo guia. Chegou atrasado porque era o último dia do Ramadã (mês durante o qual os muçulmanos praticam o ritual do jejum) e tinha mais de 3.500 pessoas nas ruas em Jerusalém festejando. O guia foi muito especial porque a cada lugar que visitávamos ele citava um trecho do Novo Testamento de um dos apóstolos para exemplificar o que estávamos vendo e que sempre tinha a ver com a história do lugar; foi super interessante.
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Jerusalém – Foto Yeda Saigh |
Fomos para Jerusalém, conhecida como Cidade Santa, talvez o centro religioso mais importante do mundo, dividido em duas partes bem diferenciadas. A cidade velha, rodeada pelas muralhas, onde se encontram os principais pontos religiosos na Esplanada dos Templos: a Cúpula da Rocha, a Mesquita de Al Aqsa, o Santo Sepulcro e o Muro das Lamentações.
E a cidade nova com os melhores hotéis, restaurantes e cafés. Hoje patrimônio mundial, Jerusalém significa para os cristãos, o lugar onde Jesus foi crucificado; para os judeus o lugar onde Salomão construiu o Templo; e para os mulçumanos, o lugar onde Maomé subiu aos céus.
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Jerusalém – Foto Yeda Saigh |
A história de Jerusalém data do IV século a.C. Uma das cidades mais antigas do mundo, era parte do Império Otomano, como a Palestina, até a I Guerra Mundial. Cristãos e judeus podiam morar na cidade, bem como ter acesso aos locais sagrados. Ao final do Mandato Britânico na Palestina (1922-1948), uma Assembléia da ONU de 1947 dividiu a Palestina entre árabes e judeus, e determinou que Jerusalém não poderia ter autonomia, seria internacionalmente administrada. Mas, na guerra de 1948, Israel ocupou 84% de Jerusalém.
Os 11,5% (Jerusalém oriental) restantes ficaram com a Jordânia, incluindo a Cidade Velha, até 1967. Os 4,5% remanescentes tornaram-se “terra de ninguém”. Em 1967, na guerra conhecida como dos Seis Dias, Israel ocupou Jerusalém oriental, o restante da Cisjordânia e a Faixa de Gaza (além das Colinas do Golã da Síria e o Sinai do Egito, sendo que este último foi devolvido).
Desde então essa ocupação é condenada por muitos países e pela ONU. Os palestinos reclamam a parte ocupada de Jerusalém para se tornar a capital de seu futuro país. Ainda como reflexo da ocupação israelense, as embaixadas tiveram que sair de Jerusalém e se estabelecer em Tel Aviv, cumprindo uma resolução da ONU.
Fomos conhecer a cidade velha de Jerusalém: entramos pela porta de Dung (lixo) e fomos até o Santo Sepulcro. Citação de S João lida pelo guia: “No lugar onde Jesus fora crucificado, havia um jardim, e neste um sepulcro novo e por estar perto o túmulo, depositaram o corpo de Jesus.” (S. João 19:41-42)
A Cidade Velha é rodeada por impressionantes muralhas (restauradas no século XVI) e tem doze portas de entrada: Nova, Damasco, Herodes, São Estevão, Magrebíes, Yaffa, Sião, Peixes, Vale, Fonte, Dung e a Porta Dourada, fechada desde o século XVI.
O melhor é caminhar, se perder nas incontáveis ruas prestando atenção aos letreiros que indicam os lugares santos mais importantes. São quatro os bairros que compõem esta parte de Jerusalém: armênio, muçulmano, cristão e judeu.
Bairro Mulçumanoé o que tem mais vida e movimento. São centenas de lojas, postos, bazares onde se vende de tudo. Visitar a Porta de Damasco do século XVI, a mais bela de todas, as Canteras de Salomão, uma série de labirintos subterrâneos, a Via Dolorosa ou Via Crucis com as 14 estações (João V) simbolizando o caminho percorrido por Jesus carregando a cruz, que vai do Pretório até o Calvário em direção ao Gólgota, o Muro das Lamentações, a Mesquita do Domo Dourado e a Igreja de Santa Ana do século XI, uma das mais bonitas construções da cidade, estilo românico, onde nasceu Maria.
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Igreja da Natividade – Foto Yeda Saigh |
A construção da primeira Igreja do Santo Sepulcro começou em 326 por ordem do Imperador Constantino. Erguida no lugar de um templo e santuário romano do século II que, segundo uma tradição local, tinha sido construída sobre o lugar onde Jesus fora crucificado e sepultado. A construção atual é do século XII, mas foi restaurada no século XIX, depois de sucumbir a um incêndio.
Segundo a tradição judaica, foi nessa rocha que Abraão preparou o sacrifício do seu filho Isaac a Deus e onde, mil anos antes de Cristo, o rei Salomão construiu o primeiro templo.
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Esplanada dos Templos – Foto Yeda Saigh |
É o local mais sagrado do judaísmo, a única parte que resta do Templo de Jerusalém, antigo Templo de Herodes, foi construído pelo povo judeu quando voltou para Jerusalém. Os fiéis judeus visitam o Muro das Lamentações para orar e depositar seus desejos por escrito nos vínculos das pedras. Os homens e as mulheres são separados por uma grade.
Eu estava lá quando vi uma cena incrível: duas senhoras desceram do ônibus, conversando animadamente: sentaram coladas ao muro, abriram a bolsa, tiraram um papel escrito, começaram a ler e a chorar copiosamente. Feito isso enfiaram o papel numa das fendas do muro, enxugaram as lágrimas e saíram lampeiras conversando em direção ao ônibus.
No hotel que estávamos hospedadas havia muitas famílias de São Paulo e de Nova York que tinham vindo para Israel comemorar o bar mitzvah de seus filhos.
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Muro das Lamentações – Foto Yeda Saigh |
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Bar Mitzvah no Muro das Lamentações – Foto Yeda Saigh |
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Muro das Lamentações – mulheres assistem ao Bar Mitzvah – Foto Yeda Saigh |
Maravilhosos e mundialmente famosos, esses vitrais foram desenhados por Marc Chagall e representam os doze filhos de Jacob ou as doze tribos de Israel. Eles foram instalados na sinagoga do novo Centro Médico da Universidade Hebraica Hadassah em 1962.
Assistimos uma aula explicando cada vitral. Na guerra de 1967 uma bomba destruiu três deles. Chagall na época com 80 anos, disse: vocês cuidem de seus feridos que eu cuido dos vitrais e os consertou, deixando um buraco em cada um deles para mostrar a bala.
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Vitrais de Chagall – Foto Yeda Saigh |
Knesset, ou parlamento de Israel, sua sede está em Jerusalém, onde antigamente havia uma vila árabe. O atual edifício do Knesset foi erguido em 1957 pelo Barão James de Rothschild.
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Knesset – Foto Yeda Saigh |
O Museu Israel em Jerusalém é de 1965 e tem um papel importante como museu de arte e arqueologia, com exposições e exibições de excelente qualidade, além de uma arquitetura belíssima. São cerca de 500.000 objetos de arte, arqueologia e etnografia, representando a história da cultura do mundo por milhares de anos.
O número anual de visitantes já chegou a cerca de 950 mil pessoas, sendo 100 mil crianças e um terço de turistas internacionais.
É lindo! Possui o maior acervo arqueológico bíblico do mundo, em especial o rolo de Manuscritos do Mar Morto. Dizem que quando o Papa Pio XII teve acesso e leu esses manuscritos teria desmaiado porque ficou muito assustado com o que leu, mas até hoje não foi revelado o conteúdo. Ir ver a maquete da cidade de Jerusalém do tempo de Jesus.
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Maquete de Jerusalém – Foto Yeda Saigh |
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Shrine of the Book – Foto Yeda Saigh |
De 1988, é um museu sobre a história de Jerusalém. Fica na Cidadela, parte da cidade de grande importância histórica e arqueológica. Em seu acervo estão achados do período do Primeiro Templo (960-586 a.C.), os restos de uma torre e da muralha da cidade do período dos Asmoneus e as fundações de uma enorme torre construída pelo rei Herodes.
O museu cobre 4.000 anos de história de Jerusalém, desde seus primórdios até os tempos modernos. As exposições, divididas de acordo com os períodos, tem uma “linha do tempo” em cada sala, onde estão assinalados os principais acontecimentos. Há também mapas, vídeos, hologramas, desenhos e maquetes.
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Torre de David – Foto Yeda Saigh |
Igreja do Padre Nosso, construída sobre uma caverna no sopé do Monte das Oliveiras, onde se diz que Jesus ensinava seus discípulos a oração do mesmo nome. A igreja é linda, tem o Padre Nosso escrito em 130 línguas nas paredes do pátio da Igreja, cada oração dentro de um retângulo de azulejos, muito bonito.
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Igreja do Pai Nosso – Foto Yeda Saigh |
Igreja da Agonia, ou de todas as Nações, tem um jardim com oito oliveiras milenares (Mateus 26-30-26-39) dentro do Jardim Gethsêmani,que quer dizer “pressoir d’olive”. Para visitar o túmulo de Lázaro em uma igreja é preciso descer 40 degraus.
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Igreja da Agonia – Foto Yeda Saigh |
Parar no Mosteiro de São George, encravado dentro das pedras, num grande canyon, maravilhoso! Lembra Petra. Subir a pé até o alto de um morro para ver a vista, vale a pena! De lá ir para o Mar Morto no lugar onde os beduínos acharam em uma caverna os textos mais antigos hebreus, os Scrolls Qumram (local onde foram achados), que estão no Shrine of the Book.
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Mosteiro de São George – Foto Yeda Saigh |
Fomos para Jericó pela mesma estrada por onde Jesus andou desde Jerusalém, em pleno deserto, é linda!! uma das cidades mais antigas do mundo, de 9000 a.C. Jericó fica perto do Mar Morto, 244 metros abaixo do nível do mar. Graças ao rio Jordão, é conhecida como um oásis verde no meio do deserto.
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Oásis em Jericó – Foto Yeda Saigh |
Jericó tem grande significado histórico e religioso para os judeus e para os cristãos. Foi a primeira cidade conquistada pelos israelenses ao entrarem na terra de Canaã, depois de vagar por 40 anos no deserto depois do êxodo do Egito. Para os cristãos Jericó é importante por ser o lugar onde João Batista foi batizado e também onde se deu a tentação de Jesus no deserto.
Fomos para Galiléia pelo vale do Rio Jordão, o mais longo rio de Israel. A estrada em que estávamos era em 1967 a mais perigosa, porque de um lado está a Jordânia e de outro a Síria, havia bombardeio de cada lado. Passando pelo mar da Galiléia e pelo rio Jordão, vimos a primeira localização de Tiberíades.
Tel Aviv é um importante polo econômico e a cidade mais rica de Israel, abrigando uma importante Bolsa de Valores, muitos escritórios de empresas, centros de pesquisa e desenvolvimento. Suas praias, bares, cafés, restaurantes, lojas de luxo, ótimo clima e estilo de vida cosmopolita, levaram a cidade a se tornar um popular destino turístico para visitantes nacionais e estrangeiros, além de ter feito a cidade ganhar a reputação de “metrópole do Mediterrâneo que nunca dorme”. É a cidade mais cara da região e considerada a 24ª cidade mais cara do mundo em 2011.
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Tel Aviv – Foto Yeda Saigh |
Ir para Tiberíadesa beira do mar da Galiléia no West Bank, que antes de 67 era da Jordânia (Guerra dos 6 dias). O mar da Galiléia é um grande lago de água doce (24 por 11 metros), na fronteira entre Israel, Cisjordânia e Jordânia, cujo principal afluente é o rio Jordão, que vem do monte Hérmon e de Cesarea, seguindo depois para o mar Morto. Fica 213 metros abaixo do nível do Mar Mediterrâneo e é considerado um mar isolado por não ter ligação com outros mares ou oceanos.
Nos tempos do Novo Testamento, ficavam nas suas costas a cidade de Tiberíades, fundada por Herodes Antipas, Cafarnaum, por onde passamos depois,Betsaida e Genesaré, entre outras. Hoje Tiberíades é a principal cidade nas margens do lago. Para o judaísmo, Tiberíades é uma das quatro cidades sagradas além de Jerusalém, Hebron e Sefad. Passamos por Carfanaum.
Depois ir para Nazaré, capital e maior cidade do distrito Norte de Israel. Também funciona como uma capital árabe para os cidadãos árabes de Israel, que são a grande maioria da população local. No Novo Testamento, a cidade é descrita como a terra onde Jesus passou sua infância, e por este motivo é um centro de peregrinação cristã, com muitos santuários celebrando as associações bíblicas. Visitar a Igreja da Anunciação (casa de José e Maria), a Igreja de São José (local de sua carpintaria) e a Igreja da Anunciação grega ortodoxa.
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Nazaré – Foto Yeda Saigh |
Ir também para Cesarea ver as ruínas romanas, entre elas a do teatro romano.
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Haifa – Foto Yeda Saigh |
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Cesarea – ruínas do teatro romano – Foto Yeda Saigh |
Os otomanos perderam Belém para os britânicos durante a Primeira Guerra Mundial, e a cidade foi incluída numa zona internacional sob o Plano de Partilha das Nações Unidas para a Palestina.
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Belém – Foto Yeda Saigh |
King David, ótimo, super tradicional em Jerusalém, localização perfeita: bem perto da Cidade Velha. Lá já se hospedaram reis, presidentes e artistas famosos. Antigo mas muito charmoso.
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King David Hotel – Foto Yeda Saigh |
Yeda, obrigada por me permitir compartilhar de tão lindas recordações de uma viagem magnificamente deslumbrante!
Abraço Marcia Camara.
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Vc sabe o que quer dizer Khalil?
AMIGO!
bjs
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Yeda querida,
Que viagem maravilhosa. Adorei !!!
Um beijo
Renata
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Yeda,
Realmente fantástico. Parabéns
Maria Silvia
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Querida yeda
Parabens vc eh o maximo!!!!!
Adoramos.
Bjs
Angelica
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Querida Yeda,
Seus blogs sao realmente bonitos e interessante. Pena que voces não levam companheiros!
Grande abraço,
Roberto Blocker
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Adorei!!!
Viajei junto, aprendi muito!!
Obrigada querida!!
Bjos
Maria Amalia
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Que viagem fantastica adorei!
Ana Cecilia
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Cara Yeda
Estou adorando cada vez mais seus relatos de viagem, o “travelogue” como se disse em inglés e em francés se pode dizer ” récit de voyage ” ou tambem ” carnet de voyage”.
Acabo de ler seu texto sobre Israel, cheio de mil informaçoes historicas e anedotas. O pensamento de Golda Meir me comoveu muito.
Beijos
Laurent
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YEDA QUERIDA
LENDO ESTA TUA VIAGEM VIVENDO TUAS FOTOS PELOS CAMINHOS…CHOREI E ESTOU CHORANDO ,
MUITAS BOAS LEMBRANÇAS UMA NOSTALGIA E SAUDADES…DE TODOS …
YEDA SEMPRE ADMIREI MUITO O TEU VIVER E CADA VEZ MAIS
LOVE YOU JEANETE
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Yeda tbem estive em Israel duas vezes e amei seu blog … paraebns
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Que maravilhoso!!! Parabéns! Excelente viagem e o seu Blog foi tão bem montado que parece que estamos viajando com você.
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