Uma semana em Paris faz bem a qualquer um! No domingo, um dos bons programa na cidade luz é ir ao Marché aux Puces: os antiquários são ótimos, dá para fazer boas comprinhas de coisas fáceis de colocar na mala, tipo talheres diferentes, argolas de vinhos, pequenos objetos etc.
Fizemos dois tours maravilhosos com nosso querido guia Laurent*[1],! Uma nas Passages de Paris e outra para conhecer o Bairro Temple. Nos encontramos no metrô, em frente ao Cirqure d’ Hiver que é lindo e vale a pena para quem tem crianças pequenas levar ver o espetáculo. Fizemos toda a tour a pé, nada melhor do que andar a pé em Paris, tivemos a sorte de ter um dia de sol esplendoroso.

Um pouco da história das Passages.
Essas Passages são famosas desde o século XIX como precursoras de nossos shopping centers. Foram inventadas em Paris e, em seguida, copiadas por toda a Europa. O nosso percurso das Passages integra várias galerias, que é uma outra denominação para as Passages.
Além da arquitetura e da história do local, várias boutiques de griffe como Jean-Paul Gauthier, Nathalie Garçon, Catherine André, Yuki Tori, e de design como as boutiques de Christian Astugueveille e de Emilio Robba abriram suas lojas nessas Passages.
Napoleão II e o Barão Haussmann fizeram grandes mudanças em Paris em 1850. Era uma cidade cheia de ruazinhas tortuosas, difícil de controlar. Dizem que fizeram para embelezar e modernizar a cidade mas, o motivo real foi político. O povo quando se revoltava fazendo barricadas nas ruas que eram pequenas, depois da reforma com as avenidas largas, que rasgaram toda Paris, dificultou muito e facilitou o controle. Napoleão mandou construir uma mairie (prefeitura) em cada bairro com uma praça na frente, o que embelezou muito a cidade.
Passages de Paris
Passage Molière foi a primeira que visitamos, é a mais antiga, construída um pouco antes da Revolução Francesa e até hoje tem lojas de artesanatos funcionando: a mais interessante é uma loja de moldagem de mãos, acredito que única no mundo! Maison de la Poésie, que funciona como teatro também está na Passage Molière, que é uma rua de pedestres, começando na rue Saint- Martin 157, e, terminando 46 metros depois na rue Quincampoix, 82.


Entre a primeira e a segunda Passage visitamos a Maison Nicolas Flamel, 51 rue Motmorency. A Casa de Nicolas Flamel é considerada a casa mais antiga de Paris, erguida em plena época medieval, em 1407, estilo gótico. Era a casa de um rico burguês, também escrivão e conhecido como alquimista.

A segunda é a Passage de l’Ancre, construída em 1792: é formada por lojas de artesãos. É uma charmosa Passage escondida e íntima, onde trabalha o único especialista parisiense de guarda-chuvas. Começa na rue Saint-Martin 221 estendendo-se até a rue Chapon, passa perto da Rua Boulevard Sebastopol e termina na rue Turbigo 30.

A terceira é a Passage Bourg L’Abbé, construída em 1828 por Auguste Lusson em plena época romântica, arquitetura em estilo neo-gótico com duas esculturas de Cariátides na entrada simbolizando o comércio e a indústria. Tem o único barômetro de Paris existente funcionando. Ela fica entre a rue Saint Denis nº120 e a rue de Palestro nº 3, é uma área bem popular e está sendo restaurada.


Curiosidade – Reparem no humor do nome dessa loja ao lado da Passage Du Cerf




51 rue Montorgueil, 75002 Paris, França
tel: +33 1 42 33 38 20
Falando de doces, não deixe de ir à loja L’atelier de l’éclair, recentemente instalada no bairro. Trata-se da única academia de éclair francesa. Eles tem todos os tipos de éclair, até os mais extravagantes.
16 rue Bachaumont, 75002 Paris
tel: +33 1 42 36 37 94


A rue Montorgueil é uma dessas típicas ruas parisienses de pedestres: cheias de cafés, boulangeries, lojas, queijarias, mercearias e, obviamente, muita gente. Localizada no centro da cidade, dá a impressão de não parar nunca e não é só uma impressão.
Curiosidade
A rue Montorgueil era ocupada por um parque de ostras no século XVIII às vésperas da guerra de 1870. Nessa época a consumação de ostras em Paris era de seis milhões de dúzias e Paris tinha um milhão de habitantes. Se tirarmos as crianças e os miseráveis, isso representa no mínimo quinhentas e vinte dúzias de ostras por consumidor. As ostras não faziam parte dos menus, elas eram uma espécie d’amuse-gueule, comia-se uma dúzia antes do almoço ou jantar para abrir o apetite.
Passamos pela Igreja Saint Eustache de estilo gótico flamejante antes de ir para a Galerie Vivienne. Esta Igreja foi a última a ser construída em estilo gótico, um pouco antes do florescer do Renascimento. Sua particularidade é ter uma fachada barroca. Há um grande número de telas e esculturas do século XVII e um órgão dourado e prateado. O Roi Soleil, Luiz XIV, foi batizado nesta igreja.
2 Impasse Saint-eustache, 75001
tel: 01 42 36 31 05
Chegamos na quinta, Galerie Vivienne, inaugurada em 1826 e lugar de referência do luxo antes da construção dos Champs Elysées. Tem um estilo neo clássico inspirado na antiga cidade romana de Pompeia, com motivos de ninfas, alegorias do deus Mercúrio, e cornucópias.
O chão é revestido de um mosaico que vale a pena observar. O mosaista foi também encarregado de desenhar os mosaicos da Opera Garnier. A abertura da primeira loja do estilista Jean Paul Gauthier nos anos oitenta relançou a frequência dessa Galeria. Lugar encantador, com lojas, restaurantes e uma calma contagiante. Para almoçar A Priori Thé, uma indicação do Conexão Paris, restaurante pequeno e acolhedor com comida simples e muito bem preparada.
4 rue des Petit-Champs
6 rue Viviane
5 rue de La Banque
tel: +33 1 42 97 46 65


Saindo da Galeria e passando na frente da antiga Biblioteca Nacional, chegamos a Bolsa de Valores construída pelo arquiteto Brongniart em estilo romano e encomendada por Napoleão I, numa tentativa de fortalecer a economia francesa. Foi a primeira bolsa de Valores francesa e ainda funciona. Ao lado da Bolsa, quatro ruas construídas durante a Revolução Francesa, e chamada Rue des Colonnes, copia a arquitetura do Templo de Paestum na Sicília, e foi grande inspiração para a futura rue de Rivoli.


Depois fomos para a sexta Passage Ben Aïad, sempre andando, que foi palco de tumultos e barricadas em junho de 1832, no funeral do general Lamarque, episódio narrado por Victor Hugo em Choses vues. A Passage Ben-Aïad é o ultimo vestígio da Passage du Saumon. Em 1853 a passagem foi adquirida por um novo proprietário, o rico tunisiano general Mahmoud Ben Iadi, daí o nome, que talvez encontrou uma semelhança com os souks de seu país natal.
Ela era muito popular até o Segundo Império pelos seus bailes e boutiques da moda hoje abandonadas e que caíram em desuso com a abertura das novas lojas de departamentos como a Galerie Lafayettes e o Bon Marché.
9-11 rue Leopold Bellan
8, rue Bachaumont

Depois fomos conhecer a Passage des Panoramas, a sétima da nosso tour, que é uma das mais antigas de Paris. Na época, a idéia da construção desta passagem foi inspirada nos antigos souks orientais para permitir aos parisienses andar e fazer compras protegidos do tempo e, especialmente, sem se sujar. Lembrem-se que na época, calçadas e esgotos não existiam! Aliás, em quase todas Passages há essa semelhança.





No bairro do Temple, podemos descobrir um charmoso mercado onde se pode comprar flores e comer especialidades gastronômicas da França e do mundo: seu nome vem da antiga fortaleza militar e prisão do Temple, e do antigo domínio dos cavaleiros do Temple. Foi lá que foi aprisionada a família real durante a Revolução Francesa. Maria Antonieta passou dois anos na prisão do Temple antes de ser transferida para a Conciergerie.
Este castelo medieval não existe mais, foi destruído após a revolução por Napoleão I para impedir que se torne um lugar de peregrinação para os monarquistas. O Barão Hausmann mandou construir no seu lugar uma praça charmosa com um lago e um coreto.

No bairro do Temple abriram também boutiques de design e de moda tais como: Maje, Isabelle Mrant, Sandro, Les petites.
O chocolateiro Jacques Genin abriu a sua primeira casa de chocolate onde dizem que se pode tomar o melhor chocolate quente de Paris.


No bairro do Temple existe o museu mais intimista de Paris, talvez pouco conhecido do grande público, mas muito interessante. O museu de La Chasse et de la Nature, recentemente reinaugurado após uma cuidadosa restauração. Localizado num belo Hôtel particulier, construído no século XVII, Todo o acervo do museu foi doado pelo casal Jacqueline e François Sommer que tinha essa coleção espetacular e generosamente deram para a cidade de Paris.



Um pouco da história do Marché aux Puces:
Desde o século XIX, o mercado das Pulgas é conhecido especialmente por vender roupas de segunda mão, jóias antigas, alguns bons antiquários, prataria, roupas de militar antigas, mantôs e botas de couro. Existem outros mercados: o de Vanves só abre aos sábados e domingos de manhã, e a mercadoria fica exposta na calçada por vendedores ambulantes, muito diferente do Clignancourt/Ouen, que têm lojas organizadas.


Curiosidade
O arquiteto americano Peter Marino, 55 anos, possui um dos currículos mais invejados do mundo. Em 24 anos de experiência no varejo, ele desenvolveu as lojas da Chanel, em Tóquio, Nova York, Paris e Hong Kong; Fendi, em Roma e Nova York; Dior, em Nova York e Beverly Hills; Ermenegildo Zegna, em Nova York e Milão, entre outras. Seus projetos são famosos pelo tipo de material utilizado. Ele já usou placas de ouro para fazer uma série de painéis para a loja nova-iorquina Barneys. No projeto da boutique Fendi, em Roma, uma loja com 700 metros quadrados que custou US$ 25 milhões, Marino incluiu um candelabro de sete metros de altura feito de vidro Murano. “Nas minhas criações, procuro integrar a arquitetura, o design interno e o produto”, destaca Marino.
Paul Chêne, desde 1959, comida e frequência muito boa, franceses do seizième, poucos turistas. Um bom endereço para se jantar muito bem durante a semana, calmo e elegante.

Le Cigale Récamier
Conhecido como o restaurante onde se come o melhor soufflé de Paris, o Le Cigale Récamier honra a fama que tem. Atendimento atencioso, mesmo no almoço, sem reserva e com a casa cheia. O ambiente é bonito e a decoração de muito bom gosto. Comida excelente, almoços de negócios, frequência de franceses.

Joel Robuchon como sempre maravilhoso, não dá para ir à Paris sem almoçar ao menos uma vez lá, é uma experiência única! O L’Atelier de Joël Robuchon em Saint- Germain é uma referência gastronômica mundial reconhecida por todos os gourmets: o menu oferece clássicos com pequenas porções e montagem dos pratos incríveis! Existe mais um no famoso Publicis Drugstore. O princípio é o mesmo: os clientes escolhem entre o balcão em torno dos chefes ou as mesas.
Joel Robuchon já foi mencionado nos artigos de 12/07/2010 e 31/03/2011.
5 rue Montalembert- Paris – 75007
133 avenue des Champs Elysées 75008 Paris.
tel: 0142225656

Museus e Exposições
Centro Georges Pompidou – Beaubourg
Fundado em 1977, projeto arrojado do arquiteto italiano Renzo Piano e do arquiteto britânico (também nascido na Itália) Richard Rogers. Sua implantação configura a existência de um espaço público (a praça do Centro) para o qual as suas atividades internas se estendem. Além do museu tem biblioteca, teatro e o Atelier Brancusi que abriga esculturas do artista romeno Constantin Brancusi em um ambiente que recria as condições de trabalho e a luminosidade de seu estúdio de criação. Está localizado no pátio do museu, na entrada.
É um dos lugares mais visitados de Paris. Na biblioteca do centro há uma vasta coleção de livros, acesso gratuito à internet, jornais e revistas de todas as partes do mundo e televisões com canais internacionais e fotos.






Para terminar uma frase em homenagem a Molière, famoso escritor francês do século XVII, que deu nome à primeira Passage:
Boa viagem!
[1] Laurent Cendras nosso colaborador em Paris
tel: 33 1 0 761215128
e-mail – laurentcendras@hotmail.com